INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E A PRODUÇÃO ESCRITA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM OLHAR SOBRE A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES
Palavras-chave:
Inteligência Artificial, Ensino de Línguas Estrangeiras , Percepção , Professores , Produção EscritaResumo
As tecnologias movidas à Inteligência Artificial (IA) têm recebido considerável destaque nos últimos meses, principalmente após o lançamento de diversos aplicativos, dentre eles o ChatGPT no final de 2022. Diante desse cenário, instituições de ensino e profissionais da educação passaram a adaptar seus métodos de ensino para incorporar essas novas tecnologias, considerando suas possíveis aplicações nas aulas e avaliando tanto suas potencialidades quanto limitações de uso (Cassidy, 2023; Keller; Henriques, 2023). O ensino de línguas estrangeiras é uma das áreas que tem demonstrado preocupação em relação aos impactos do uso da IA no processo de ensino aprendizagem. A partir desse contexto, o presente estudo buscou investigar a percepção de professores de um departamento de línguas de uma universidade quanto ao uso de ferramentas de IA como apoio no desenvolvimento das habilidades de escrita dos seus alunos. Para atingir esse objetivo, foi realizada inicialmente uma investigação sobre as principais ferramentas de IA para a escrita e seus possíveis aspectos positivos e negativos de uso. Esta é uma pesquisa descritiva do tipo levantamento quantitativo (Moreira; Caleffe, 2006), que utiliza um questionário como instrumento para a coleta de dados. Tal instrumento foi desenvolvido para recolher as percepções dos professores sobre o tema. Dada a limitação de tempo para a condução da pesquisa, optou-se por um estudo de pequena escala. A população alvo escolhida foram os professores de línguas de uma universidade federal da cidade de Curitiba. A aplicação do questionário ocorreu no mês de novembro de 2023, e 13 dos 24 professores do departamento responderam ao questionário. As respostas foram analisadas à luz de Yanhua (2020) sobre a aplicação de IA no ensino de línguas, Pokrivcakova (2019) sobre a preparação de professores de línguas, e Tegmark (2020) com relação à categorização das escolas de pensamento em relação ao avanço das tecnologias de IA. Os resultados revelam uma divisão entre as opiniões dos docentes participantes. Enquanto uma parcela afirma que as potencialidades das ferramentas de IA podem vir a ser benéficas para os estudantes de línguas, os demais participantes ressaltam que essas tecnologias comprometem negativamente o desenvolvimento das habilidades de escrita. No entanto, há um aspecto em comum que une esses docentes: a necessidade de abordar as ferramentas de IA de forma cautelosa em sala de aula. Essa preocupação em comum pode estar relacionada ao possível desconhecimento que alguns professores demonstraram sobre as plataformas e ferramentas de IA, o que indica que a falta de familiaridade pode ser um obstáculo para a adoção em sala de aula. Sugere-se, então, que tanto alunos quanto professores desenvolvam as competências necessárias para utilizar as ferramentas de IA de forma benéfica e ética, uma vez que essas tecnologias já se mostram vigentes no cotidiano da sala de aula de línguas estrangeiras. Para isso, é necessário que os docentes compreendam como incorporar essas novas tecnologias em suas práticas pedagógicas e, simultaneamente, preparem os alunos para uma realidade em que a IA está cada vez mais presente. Os dados aqui obtidos não devem ser generalizados, dado que a pesquisa foi realizada a partir de uma amostra pequena e o questionário produzido não passou por um teste piloto, podendo esta aplicação ser considerada como tal. Este estudo, no entanto, representa um avanço para as discussões sobre IA e o ensino de línguas estrangeiras, assim como aponta caminhos para investigações futuras, visando o aprofundamento do conhecimento desse campo emergente.