EDUCAÇÃO MIDIÁTICA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: REFLEXÕES INICIAIS

Resumo

Embora não sejam temáticas novas, as tensões e desafios inerentes à cultura digital – como a propagação rápida de fake news, a desinformação e os processos de manipulação –, têm recebido uma maior atenção devido às suas crescentes presenças e aos possíveis reflexos, ainda em estudo,
no contexto atual. Em meio à democratização da internet e dos dispositivos digitais, percebe-se que práticas voltadas à desinformação e manipulação estão se agravando à medida que se tornam cada vez mais robustas, elaboradas e complexas. O mesmo ocorre com a distorção de dados, gráficos e estatísticas que, com “pílulas de informação”, fazem uso de conhecimentos matemáticos em prol de práticas pouco éticas, principalmente em searas sociais importantes, como saúde, política e educação. Nesse cenário, surge a urgência de pesquisas e reflexões com vistas a analisar e estabelecer um diálogo crítico e propositivo com essa realidade. Em meio a isso, a educação, seja na escola ou na universidade, pode oferecer um contraponto por meio de conhecimentos e reflexões relacionadas à educação midiática. A fim de abordar parte dessas possibilidades, este trabalho tem o objetivo de propor uma reflexão inicial acerca da relevância e das potencialidades da educação matemática e suas relações com a educação midiática. Como parte da pesquisa em andamento “Educação matemática e educação midiática: reflexões e possibilidades na formação inicial de professores”, propõe-se aqui a discussão dos resultados de uma pesquisa de abordagem qualitativa a partir de uma revisão narrativa de literatura com base em autores como Buckingham (2007), Ferrari, Machado e Ochs (2020), Huff (2016), Silva (2022). Nesse sentido, entende-se a necessidade de abordar a educação matemática em conjunto com a educação midiática, promovendo reflexões acerca de aspectos como o uso de gráficos, imagens e dados estatísticos em favor de distorções, manipulações ou induções de interpretações ou análises equivocadas. Considerando um contexto de crise da democracia, questionamento da credibilidade de discussões científicas, aumento de publicações de desinformação, fake news, polarização social e manipulação de informações, defende-se a adoção práticas de educação midiática principalmente a partir do entendimento que, na ausência dela, é possível agravar tal realidade, com tensões que já se fazem cada vez mais presentes nos diferentes espaços sociais, dentre eles, a escola e a
universidade.