(NÃO) SOMOS MACHISTAS? UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DAS RELAÇÕES DE GÊNERO ENTRE ESTUDANTES
Palavras-chave:
Patriarcalismo, Machismo, práticas sociaisResumo
A sociedade brasileira contemporânea - dentre outros aspectos sociais - é resultante da cultura patriarcal e do estabelecimento de uma desigualdade de gênero que historicamente naturalizou e até mesmo “incorporou” práticas machistas em toda sua história. Em que pese o fato de que nas últimas décadas tais práticas têm sido alvo de questionamentos, desestimuladas ou mesmo combatidas por marcos regulatórios, é inegável que estas práticas ainda se reproduzem nas instituições e nas práticas sociais cotidianas. De maneira geral, ações e percepções machistas ainda estão presentes tanto nas práticas sociais quanto na construção de nosso inconsciente coletivo, a partir das reproduções em espaços de socialização formal e informal. Compreendendo a escola enquanto instituição social como um lócus de produção e reprodução de práticas sociais, a partir de um projeto de pesquisa buscou-se analisar a percepção que os estudantes da instituição possuem sobre práticas machistas. Sendo assim, neste documento pretendemos expor os resultados do referido projeto de pesquisa, realizado junto aos estudantes do curso de ensino médio de um campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), buscando analisar como os estudantes percebem, compreendem, questionam ou incorporam percepções e práticas machistas. Os dados foram coletados por meio de questionário on-line, no intuito de compreender os níveis de percepção dos sujeitos da pesquisa, utilizando-se de exemplos a partir da exposição de frases e expressões que retratam comportamentos machistas. A análise dos dados se deu com base na aproximação dos preceitos da escala Likert, uma vez que buscou-se analisar a opinião e a percepção dos sujeitos da pesquisa. O público alvo da pesquisa inicial abrangeu o corpo discente da instituição, formada por cerca de 120 estudantes de 15 a 18 anos. O projeto, cujos dados deram origem a este trabalho, foi submetido à análise do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição na qual a pesquisa foi realizada, via Plataforma Brasil sob a certificação CAAE nº 43740720.2.0000.8156. Aos estudantes participantes maiores de 18 anos, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), acerca das implicações referentes ao objetivo do estudo. Já os estudantes menores de 18 anos apenas puderam participar, mediante autorização de seus responsáveis legais, por meio do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) e posteriormente, autorização via TCLE. Os resultados apontam que a maioria dos estudantes participantes consegue perceber e questionar a maior parte das situações de práticas machistas, no entanto, os dados também expressam certo grau de percepções que ainda permanecem guardando 1 Trabalho desenvolvido com apoio financeiro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) na sua modalidade Júnior (Pibic-Jr), direcionadas aos estudantes do ensino médio e técnico. As bolsas concedidas pelo CNPq, Pibic júnior são complementadas pelo IFPR, sendo financiadas pelo IFPR e CNPq. 2 dificuldade em serem questionadas. Constatou-se que o machismo deve ser tratado como pauta social nos debates em sala de aula, de forma a corroborar temas transversais de violência contra a mulher, bem como, promover o esclarecimento dos estudantes acerca da temática não apenas nas atividades educacionais formais e presenciais, mas também utilizando as Tecnologias Digitais de Informação (TDICs) e comunicação como espaços de difusão da desnaturalização da violência contra a mulher e de práticas machistas que em diversos momentos ainda se fazem presente em nossa sociabilidade, seja real ou virtual.