PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E MÍDIAS SOCIAIS: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA UMA EDUCAÇÃO TRANSMÍDIA

Resumo

A democratização da comunicação modificou a nossa relação com as tecnologias, bem como nossa maneira de ter acesso à informação, de realizar ações cotidianas e até na maneira de aprender. Nesse contexto, diante da cultura das mídias, é preciso que os estudantes sejam levados à reflexão sobre a ética e o pensamento crítico exigidos para navegar na Web. No entanto, não basta que as tecnologias sejam trazidas para o ambiente educacional: é necessário que haja uma reflexão a respeito de seus usos e, principalmente, que sejam adotadas metodologias de ensino que visem à participação e autonomia dos envolvidos, ou seja, é preciso que se desenvolva o letramento midiático/digital, que vai além do simples conhecimento para navegar em ambientes virtuais. Ele representa a conquista de habilidades que permitem ao indivíduo exercer sua cidadania com autonomia, liberdade de expressão, tendo criticidade de seu uso das redes sociais e suas facetas. Os novos gêneros e suportes frutos da mídia digital, tais como podcasts, blogs, fanfics, redes sociais, dentre outros, são populares entre jovens e se apresentam como ferramentas de ensino-aprendizagem tanto para a prática de multiletramentos quanto para possível análise crítica acerca do que consomem, produzem, compartilham e criam. No entanto, frequentemente a presença/uso de dispositivos tecnológicos é proibida nas escolas. Com base nesses preceitos, o presente resumo pretende explanar os objetivos, procedimentos metodológicos e resultados iniciais de uma pesquisa de Doutorado em andamento, a qual busca subsidiar a formação de professores a partir da abordagem da educação transmídia, a fim de que desenvolvam, em suas aulas, atividades que contemplem os multiletramentos/letramento digital. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com abordagem da pesquisa participante por meio do método da observação-participante, do diário de bordo e do questionário, uma vez que envolve a participação ativa dos sujeitos do estudo - professores que atuam com atividades pedagógicas em projetos de contraturno escolar. A pesquisa está dividida em quatro etapas: (i) levantamento das concepções dos docentes sobre as mídias sociais como mediadoras de práticas pedagógicas, por meio de questionários e rodas de conversa com professores e coordenadores das OSCs; (ii) análise dos planos de aula elaborados; (iii) produção de material de orientação e de protótipos de ensino; (iv) análise dos resultados, envolvendo tanto os docentes quanto os alunos. A fase de aplicação do material produzido divide-se em dois momentos: a) disponibilização de material de estudo navegável com bases teóricas simplificadas, sugestões de atividades, links e tutoriais sobre usos de redes sociais, aplicativos etc., cujo objetivo é oferecer subsídios para que o professor decida como, quando e quais recursos utilizar dentre aqueles demonstrados nos materiais, dando-lhes mais autonomia; b) apresentação de um protótipo de ensino, o qual já apresenta as atividades a serem desenvolvidas para que, além de aplicarem, os professores consigam refletir sobre sua prática e, a partir disso, construir seus próprios protótipos. O corpus de análise, além dos dados resultantes dos métodos supracitados, também são compostos pelos planos de ensino dos docentes que atuam em atividades pedagógicas de contraturno escolar, das atividades desenvolvidas e seus resultados, bem como a opinião de alguns alunos. Os resultados iniciais demonstram que cerca de 15 docentes, dentre 40, acolheram as propostas do material de orientação e buscaram incorporá-las em seus planejamentos e atividades. No entanto, nota-se que alguns apresentam certa dificuldade em incorporar as práticas de letramento digital em suas propostas de atividades, encarando o uso das mídias digitais e de outros recursos como algo a ser aplicado pontualmente, além de certa resistência em utilizar as redes sociais. Contudo, espera-se que haja uma evolução dos participantes no decorrer da pesquisa.