INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA EDUCAÇÃO: DIMENSÕES E ESTRATÉGIAS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Palavras-chave:
inteligência artificial, educação, formação de professores, interdisciplinaridade, tecnologiaResumo
Este trabalho discute as implicações das inteligências artificiais (IA) na formação de professores, defendendo estudos interdisciplinares das inteligências artificiais e, consequentemente, que esta deve ser discutida de forma multidimensional na formação de professores. Conforme apontado por Gabriel (2022) e Santaella (2023), as inteligências artificiais demandam compreensão e abordagens interdisciplinares. Estudiosos como Taulli (2020) e Kaufman (2022) destacam a crescente necessidade de atualização e formação para as IAs. No entanto, a velocidade de desenvolvimento é altamente elevada, o que representa desafios adicionais para esta formação (Gabriel, 2023). Gonçalves e Vilaça (2021, p. 895) argumentam que as tecnologias digitais “promovem contínuas transformações sociais, discursivas e culturais, que, por sua vez, demandam um processo quase incessante de revisão, adaptação e atualização de modelos e procedimentos culturais, sociais, profissionais e educacionais que não são mais compatíveis com a realidade atual”. As questões de autoria e plágio, evidenciadas no boom do ChatGPT, são apenas alguns dos elementos que devem gerar reflexões éticas sobre as IAs (Kaufman, 2022). Vilaça e Gonçalves (2022) defendem que a formação de professores deve ser multidimensional sobre, para e com as tecnologias digitais. Isto não muda com o cenário atual chamado muitas vezes de “era das inteligências artificiais”. No entanto, devido à sua diversidade e complexidade, os desafios são ampliados. Esta realidade nos provoca a refletir se podemos considerar, por exemplo, um tipo específico de letramento digital: o letramento digital para inteligências artificiais, conforme discutido por Vilaça (2023). Este trabalho busca, por meio de uma perspectiva interdisciplinar, promover discussões teóricas sobre as inteligências artificiais. Para esta finalidade, são estabelecidos diálogos, articulações e contrapontos a partir de estudos teóricos, que priorizam artigos e livros publicados nos últimos 5 anos, reconhecendo a velocidade exponencial dos avanços tecnológicos (Gabriel, 2021). A partir deste estudo, são levantadas dimensões e eixos temáticos que podem contribuir para estratégias de formação para professores. Entre estas dimensões e eixos temáticos estão: a tecnologia, a ética, a privacidade, a segurança, a autoria, a regulação, a empregabilidade, a comunicação, a economia e a emoção. O estudo possibilita problematizar que as dimensões e os eixos temáticos se entrecruzam. Por exemplo, a dimensão profissional ou ocupacional pode tratar de eixos como: carreira, formação, atualização, economia. A dimensão educacional favorece temas como ética, autoria, metodologia, autonomia. Não se pretende propor um modelo ou uma categorização, mas caminhos que promovam estratégias críticas, reflexivas e interdisciplinares. Destaca-se, portanto, que, se considerarmos apenas a formação sobre tecnologias digitais – uma das dimensões propostas por Vilaça e Gonçalves (2022) – muitas são as reflexões necessárias sobre estas ferramentas digitais que impactarão profundamente os próximos anos, nos mais diversos campos e atividades, inclusive na educação. Dessa forma, este trabalho, em consonância com Vilaça e Gonçalves (2022), defende que a formação de professores não pode se limitar ou priorizar demasiadamente apenas em promover atividades que ensinem a usar as inteligências artificiais generativas. É indispensável reconhecer que as instituições educacionais e seus atores serão impactados por estas de formas muito mais complexas e variadas. Logo, a perspectiva crítica e reflexiva é fundamental para o melhor entendimento das implicações multidimensionais das IAs, ultrapassando os aspectos tecnológicos, instrumentais e operacionais.